Vestido de branco, carregado de luz: quem é Oxalá?

Na sexta-feira, dia dedicado a Oxalá nas tradições de matriz africana, o branco domina terreiros, roupas e oferendas. Mas essa cor, longe de ser apenas estética, revela muito mais: trata-se da expressão máxima da pureza, da elevação espiritual e da calma que conduz à sabedoria.
Oxalá é reconhecido como o grande criador da humanidade no culto aos orixás. Ele moldou o mundo com paciência, ensinando que tudo tem seu tempo e que as coisas feitas com pressa costumam se quebrar. É por isso que ele caminha devagar, sem pressa, com um bastão (opaxorô) nas mãos, símbolo de liderança e tempo.
Seu arquétipo representa a serenidade que guia, a autoridade que não grita e o poder que não se impõe pela força, mas pela presença. Ele não precisa provar quem é — seu silêncio já fala por si. E essa força tranquila é, talvez, uma das maiores lições que Oxalá oferece ao mundo atual, tão carente de equilíbrio e escuta.
Se Exu abre os caminhos com energia e movimento, é Oxalá quem os abençoa com paz. A jornada espiritual que começa em festa, força e intensidade encontra em Oxalá o repouso necessário para a reflexão, a conexão com o sagrado e o entendimento de que não se pode correr onde é preciso meditar.
Sexta-feira, portanto, é mais do que um dia da semana — é um convite ao recolhimento, à introspecção e ao fortalecimento da fé. É o momento de vestir o branco como escudo e luz, de respeitar o silêncio e de pedir sabedoria para seguir com dignidade.
Oxalá não é apenas um orixá: é a lembrança de que viemos do barro, do sopro e da paciência divina. E que, com calma e fé, podemos renascer quantas vezes for preciso.
Axé e luz no caminho de todos.
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